Desvendando o Exame de Próstata: Quando e Por Quê? [Atualização 2023]

Olá, hoje vamos explorar uma questão que muitos de vocês têm dúvidas: Quando fazer o exame de próstata? Será que o número mágico é realmente 40 anos? E afinal, é obrigatório? Vamos descobrir tudo isso e mais um pouco, baseado na mais recente atualização da Associação Americana de Urologia.

Chegando perto dos 40 anos, é comum as pessoas se perguntarem sobre o exame de próstata, seja de maneira séria, preocupada com a saúde, ou de forma mais descontraída, devido ao temido toque retal.

A questão de quando iniciar o exame não tem uma resposta simples. A ideia de que todos devem fazer a partir dos 40 anos não é uma regra inflexível. Vamos entender um pouco melhor.

Falar sobre o ‘exame de próstata’ geralmente refere-se a pacientes assintomáticos que, ao atingir certa idade, iniciam o rastreio de câncer de próstata. Mas por que começar por volta dos 40-50 anos e não mais cedo? Vamos contextualizar.

Em 1968, a OMS estabeleceu diretrizes para rastreamento, as quais ainda são aplicáveis hoje. A condição deve ser um problema de saúde significativo, ter tratamento, facilidades de diagnóstico, estágio latente, exame diagnóstico aceitável, compreensão da história natural da doença, política de tratamento definida, custo de encontrar casos economicamente favorável, e busca contínua por novos casos.

Seguindo esses princípios, cânceres como de colo de útero, mama, cólon e próstata entram na lista de rastreamento. Mas a pergunta que muitos fazem é se são obrigados a passar por isso.

A resposta é não! Ninguém é obrigado a fazer nada contra a sua vontade. A decisão de realizar o rastreio deve ser compartilhada entre médico e paciente. O médico tem a responsabilidade de explicar os riscos do rastreio e os potenciais efeitos colaterais dos tratamentos disponíveis.

Sobre os riscos, sobrediagnóstico e supertratamento são as principais preocupações. Sobrediagnóstico ocorre quando diagnosticamos algo clinicamente irrelevante, enquanto supertratamento envolve tratar algo que não precisaria ser tratado, ambos podendo resultar em morbidade, mortalidade e custos desnecessários.

As complicações dos tratamentos, geralmente, envolvem disfunção erétil e incontinência urinária. Então, uma vez decidido pelo rastreio, o primeiro exame é o PSA, um simples exame de sangue que requer interpretação qualificada do seu urologista.

Mas com que idade começar? Para a população geral, em torno de 50-55 anos é a recomendação. Fazer aos 40-45 anos? Depende. Exceções são para aqueles com fatores de risco, como homens de ancestralidade negra, portadores de mutações germinativas e histórico familiar de câncer de próstata.

Pessoas entre 45-50 anos podem ter um PSA basal oferecido, como uma referência futura. O intervalo entre os rastreios agora é de 2-4 anos, não mais anualmente.

E o toque retal? Segundo a última atualização, não há evidências suficientes para suportar sua adição ao rastreio baseado no PSA, pois seu valor preditivo positivo é baixo. Isso significa que sua capacidade de detectar câncer é limitada.

Nada impede que seu médico o realize por outros motivos, mas a decisão deve ser explicada claramente. Em caso de suspeita, a recomendação anterior era realizar uma Ressonância Magnética da Próstata (RNMmp) antes da biópsia, se disponível, mas a flexibilidade aumentou, e a decisão é compartilhada, levando em consideração o contexto do paciente.

Quanto tempo continuar o rastreio? Não há uma regra fixa, mas em geral, até os 69 anos. Após essa idade, a decisão depende da expectativa de vida e de outras condições de saúde.

Então, uma vez definido o diagnóstico, uma nova etapa começa.

Dr. Felipe Hamoy Kataoka

Médico Assistente nos Serviços de Residência do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo - HSPM-SP
Chefe da divisão de Urogeriatria da Clínica Urobrasil.
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