Uma vez suspeitado o câncer de próstata, como confirmar a doença? Isso é, há alguma maneira de garantir que, de fato, existe doença? Afinal, independente do estágio, qualquer que seja o tratamento empregado haverão consequências sobre o indivíduo acometido.
A resposta para essa pergunta é sim. Chama-se biópsia prostática e consiste na retirada de fragmentos do órgão suspeito para análise por um profissional denominado patologista.
Mas como é realizado? É perigoso? Funciona mesmo? Dói? Todos esses questionamentos acontecem com aqueles que precisam se submeter a esse procedimento. Vamos tentar esclarecer essas dúvidas.
A recomendação mais atual da Associação Européia de Urologia é que antes da execução da biópsia deve ser realizada uma ressonância magnética multi paramétrica da próstata (RNMmp). Esse exame mostrará a presença ou ausência de lesão(ões) cancerígena(s) e classificará, caso existam, em uma escala de gravidade chamada PI-RADS. Essa imagem norteará na biópsia pontos de maior interesse, aumentando assim a eficácia da mesma para a confirmação de doença. A única situação aceitável em realizar a biópsia sem o auxílio da RNMmp é na indisponibilidade dessa última.
O procedimento é realizado com o auxílio de um aparelho de ultrassonografia, podendo se abordar a próstata através de duas vias, transretal e perineal, sendo a primeira a mais utilizada no Brasil. É realizada por meio da introdução de um probe sonográfico (componente do aparelho de ultrassom que toca o paciente) no ânus, subindo no reto até localizar a próstata. Por meio de um canal de trabalho, é possível introduzir agulhas para anestesiar e retirar os fragmentos necessários a biópsia.
O exame é desconfortável pela introdução de um objeto no ânus, porém com o auxílio de sedação mais bloqueio anestésico local, associado a uma boa lubrificação, tornam sua execução não dolorosa. Os devidos cuidados pré biópsia, juntamente com esclarecimentos a respeito costumam ser suficientes para dirimir as dúvidas e mitigar as ansiedades do processo.
E quais são os cuidados pré biópsia, isso é, como deve o paciente ser preparado para o exame?
Primeiramente, deve se garantir ausência de infecções no trato urinário. Outras medidas são: realizar profilaxia antibiótica; suspender, judiciosamente e em acordo com o colega prescritor, medicações antiplaquetárias e anticoagulantes, levando em conta o risco-benefício dessa conduta. Alguns serviços também realizam alguma forma de preparo intestinal, visando reduzir a quantidade de fezes na ampola retal. Isso é possível orientando uma dieta sem resíduos, associada a medicamentos laxativos.
Como qualquer procedimento médico, não é isento de complicações, sendo as mais comuns: sangue na urina, no sêmen e no reto, infecção urinária, prostatite e epididimite. Complicações graves incluem retenção urinária aguda, sepse e sangramentos de grande monta. Nesses casos é mandatório procurar o PS.
O resultado desse exame, se positivo para câncer de próstata, virá pormenorizando os achados em cada um dos fragmentos e alocando-os em uma classificação tecidual que fará parte da interpretação e abordagem individualizada da doença. Mas aqui já é um outro momento e um próximo passo para você conversar com seu Médico no consultório.